“Um livro é o meio mais seguro, de
maior alcance e impacto
para promover ideas na
sociedade.”
Ribamar Diniz
Desde
criança tive um interesse pelas artes, especialmente pelo desenho. Acabei por não
desenvolver-me nessa área, a diferença de meu irmão mais velho, que se tornou
artista plástico e posteriormente empresário na área de comunicação visual. Na adolescência,
para divertir-me, eu desenhava quadrinhos e criava seus diálogos. Esses foram
os primeiros textos que escrevi. Nessa época eu era um leitor assíduo de
histórias em quadrinhos. Como sucede quase sempre, antes de ser um escritor,
fui um bom leitor.
Também
lia frequentemente literatura de cordel, devido ao interesse de minha mãe
(Maria Francisca Diniz Barbosa)nesse estilo. Apesar denão incentivar-me diretamente
ela foi fundamental em minha formação como escritor. Com muito sacrifício
manteve-me na escola, onde aprendi a ler e escrever. Mamãe também possuicerta habilidade
para a poesia ecompunha textos breves, sobre sua situação de vida naqueles anos
difíceis da década de 1980. Também me contou que meu bisavô, o senhor Zé Diniz,
era repentista e poeta. Por ter herdado parcialmente da família o talento literário,
uso o sobrenome Diniz em meus escritos. Embora meus genes carreguem um pouco da
alma literária, foi depois de ingressar na Igreja Adventista do Sétimo que desenvolvi
esse talento.
Devido
ao fato de vir do campo (interior de Milagres) para Juazeiro do Norte, no
Nordeste brasileiro, fui para escola um pouco tarde. Embora minha mãe tenha
sido minha primeira professora, aprendi a ler na Escolinha particular de Dona
Cícera, que ensinava com muita dedicação. Com nove anos minha mãe conseguiu,
com muita insistência, matricular-me na primeira série no Ginásio Franciscanos,
um colégio católico de boa qualidade na cidade. Desde pequeno, fui muito
aplicado nos estudos. Embora gostasse de matemática, escrevia beme tirava boas
notas nas redações.
No
final do Ensino Fundamental, redigi algumas frases para um romance épico, abandonando
o projeto depois de conhecer a mensagem adventista. Já no Ensino Médio, estudando
no Ginásio Governador Adauto Bezerra, também em Juazeiro, escrevia frases e
pensamentos nos cadernos.Alguns anos depois, esse material seria incluído em meu
primeiro livro.
Nessa
fase, recebi a influencia de dois professores que eram escritores. Wilma
Maciel, professora de redação, elogiava meus trabalhos nessa matéria. Dona
Wilma ficou muito contente quando eu lhe vendi meu primeiro livro, alguns anos
depois. Nessa época escrevi uma poesia que quase chegou ao final de um concurso
no colégio. Mas, justamente na etapa final, a colega que o recitava não pôde
comparecer. O segundo escritor foi Pedro Bandeira, que promovia suas obras junto
aos alunos. Quando lhe apresentei meu livro, anos depois, fui aconselhado a usar
apenas um nome e um sobrenome, e não meu nome completo, como fazia até então.
Por isso, defini meu nome como autor ainda em 2003: Ribamar Diniz.
Quando
ingressei na Igreja Adventista, em 1996, passei a ler e distribuir a literatura
da denominação com muito entusiasmo. Isso fortaleceu o desejo de ser, eu
próprio, um escritor, para difundir as mensagens que havia aprendido. O contato
com a Bíblia e com a literatura adventista foi fundamental para formar minha cosmovisão,
a qual serviria de plataforma na hora de expor minhas ideias. Quando estava
cumprindo os requisitos para obter o nível de Líder de Desbravadores e de Jovens
(agremiações juvenil e jovem da Igreja Adventista), escrevi vários relatórios e
um artigo sobre o Santuário, intitulado “O Centro da nossa esperança.” Infelizmente
perdi esse precioso material, que considero meu primeiro artigo.
Minha
primeira obra foi o cordel “A internet de Deus”, publicado pelo Serviço Social
do Comercio (SESC) de Juazeiro, no projeto “Novo talentos”. Esse cordel havia
sido escrito para patrocinar a viagem de um grupo de jovens a um Congresso na
capital cearense.O SESC me brindou 500 exemplares e distribuiu o restante pelo
Brasil. Escrevi esse cordel em umas duas horas.Como acontece em algumas
ocasiões, as ideias fluíram naturalmente. Às vezes, simplesmente começo a
escrever e as ideias vêmà mente. Por isso, creio que Deus, conforme é ensinado
nas Escrituras (Efésios 4:7-14), transformou meu talento natural em um dom para
edificar espiritualmente os demais.
Meu
primeiro livro, O alicerce da ação:
textos e frases para reflexãofoi publicado em 2003, quando eu tinha apenas 25
anos.Quando cursava o bacharelado em teologia pelo Instituto Superior de
Teologia Aplicada (INTA), escrevivarias frases, pensamentos e textos reflexivos.
Junto com os textos que compilei dos cadernos do Ensino Médio, esse material
formou a obra. Ivancy Pereira Araújo, que é bacharel em Teologia e pastor
adventista, revisou o material, dando oportunas sugestões e seu irmão, Ivay
Araújo, prefaciou a obra.
Depois
de concluir o livro,tive dificuldades para financiá-lo. A escritora Fátima
Menezes me deu uma ideia. Vender o livro antecipadamente, e entregá-lo depois
de publicá-lo. Imprimi a obra em formato de apostila e saí em busca de clientes,
completando o valor através de patrocínios conseguidos junto a empresas locais.
Foi muito emocionante quando o proprietário da HB Gráfica, uma das melhores da
cidade, fez a entrega dos 500 exemplares. A apresentação, feita por Jean de
Souza, aconteceu no auditório do SESC. Na ocasião, entreguei um exemplar a
minha mãe, agradecendo seus esforços em educar-me. Posteriormente negociei os
diretos autorais do livro com o INTA. A publicação desse opúsculo de 52 páginas
foi uma experiência difícil, porém enriquecedora e motivadora no início de minha
carreira.
Quando
exerci os cargos de Coordenador Distrital de Jovens e Regional de Desbravadores
(entre 2005 e 2007), preparei alguns manuais (apostilas) para as atividades. O
primeiro deles foi Clube do ano bíblico:
o que é e como formar um em sua igreja. Outro material foi Guia para novos desbravadores e os
manuais de orientação para três eventos regionais que coordenei, nesse
período.
Depois
de ler o volume Nossa Herança: Capítulos
de nossa história de interesse dos jovens apaixonei-me pela história e missão
da Igreja Adventista. Por isso, decidi escrever uma obra sobre história eclesiástica.
A partir de 2004, dediquei quase cinco anos para pesquisar a história do
Adventismo em Juazeiro do Norte, escrevendo Conheça
nossa historia: origem e expansão dos adventistas do sétimo dia em Juazeiro do
Norte.Esse trabalho foi revisado pela minha irmã mais nova, que é formada
em Letras.
O
que precipitou sua publicação foi minha decisão de estudar no exterior, no
final de 2007. Para concluir o livro, passei praticamente quatro noitesseguidas
sem dormir. A impressão dos 500 exemplares foi de baixa qualidade, devido ao
trabalho artesanal que encomendei. Apesar disso, fizemos o lançamento na Igreja
Adventista Central de Juazeiro, com a presença de um bom público, inclusive alguns
pioneiros. Disseminei esse material na região do Cariri, em São Paulo e
Cochabamba.
Quando
viajei para a Bolívia, a fim de estudar a licenciatura em teologia na
Universidade Adventista da Bolívia (UAB), tive a oportunidade aperfeiçoar-me como
escritor e posicionar-me como autor. A influencia dos professores e das
atividades acadêmicas, além da participação como secretário do Centro White e
vice-presidente da Sociedade Honorífica de Investigação Teológica e membro das
equipes editoriais das revistas Evangelho
e Doxacontribuíram para refinar
minhas habilidades. Nessa fase redigi oito artigos para esses periódicos (entre
2008-2013).
Além
dos artigos, revisei e ampliei o manuscrito de Conheça nossa história com a intenção de lançar uma segunda edição
independente.Durante a pesquisa, conversei com o doutor Ruy Viera (presidente
da Sociedade Criacionista Brasileira, SCB) sobre a história do Adventismo no Nordeste
brasileiro. Ele confessou que não tinha informações a respeito, mas que um dos
diretores da entidade era dessa região e possivelmente poderia apoiar-me
financeiramente. Ele pediu-me para enviar um e-mail com o manuscrito do livro.
Alguns dias depois, tive a grata surpresa de receber um comunicado de que a
própria SCB publicaria o opúsculo.
Com o Dr. Érico Xavier no lançamento de O Adventismo na Terra do Pe. Cícero |
Nesse
contexto, o Dr. Ruy sugeriu que publicássemos um novo livro, já que o conteúdo
era bem diferente do primeiro. O título escolhido foi O Adventismo na terra do Padre Cícero: uma história de fé, perseguição
e milagres. O livro(minha primeira obra publicada por uma editora) foi lançado
noSalão de Projeções da UAB, em abril de 2012. No Campus foram vendidos cerca
de 200 exemplares. Os outros 800 foram distribuídos graças ao apoio de Josimar
Souza, durante três períodos de férias, em Campo Grande, Ladário e Corumbá e Brasília,
respectivamente.
O
quarto livro foi o mais desafiador. Apresentei o projeto deescrevermos nossaexperiência
estudantil, aos companheiros de curso na UAB. Eles gostaram da ideia, pediram-me
para ser o editor principal da obra Cuando
Dios me llamó: personas comunesa lcanzando un sueño imposible[Quando Deus me
chamou: Pessoas comuns alcançando um sonho impossível] e concederam-me os
direitos autorais. Apesar de vários problemas enfrentados, finalmente o projeto
se concretizou, em novembro de 2012. Os 1.000 exemplares foram distribuídos
entre os colegas e no próprio campus universitário.
Nesse
projeto, liderei um grupo de 32 colaboradores, de seis países diferentes. Esse
foi meu primeiro trabalho como editor de livros e minha primeiraobra em espanhol.
Devido aos erros involuntários presentes, decidi publicar uma segunda edição,
revisada magistralmente por Lionel Celano. O plano se tornou realidade em junho
de 2013, com 16 histórias e um novo subtítulo: testimonios inspiradores para una vida de servicio[testemunhos
inspiradores para uma vida de serviço]. Para divulgar o material, viajei a
cidade de Arica, situada no Norte do Chile, em julho de 2013.
Para
o futuro, temos outros projetos audaciosos, anelando um dia poder ver esses livros
nas estantes das grandes livrarias. Peço a Deus sabedoria (Tiago 1:5), para que,
ao expor em tinta e papel as ideias, glorifique meu Criador e contribua para levar
esperança a muitos corações.
Arica, Chile, 23 de julho de 2013.
Ribamar Diniz