quinta-feira, 1 de agosto de 2013

10 passos para publicar um livro

Antes de saber como escrever, é importante saber por que queremos fazê-lo, ou seja, qual é nossa motivação. Alguns pensam que escrevendo um livro vão ficar ricos. É verdade que alguns autores vivem exclusivamente da venda de suas obras, mas isso não é verdade para a maioria deles. Outros pensam que se tornarão famosos ou conhecidos. A fama, nesse caso, é passageira, até que surja outro livro, mas interessante que o seu. Embora os escritores se tornem populares, alguns, mesmo sendo excepcionais, morrem no anonimato. Em minha concepção pessoal um autor exerce um ministério muito especial - beneficiar intelectual ou espiritualmente os demais. Essa é uma boa motivação, pois um livro pode mudar a vida de alguém para sempre.  

Um livro é tão importante que o próprio Deus, quando quis revelar-se ao ser humano, entregou Sua mensagem através da Bíblia Sagrada, uma coleção de 66 livros, escrita por 40 autores diferentes, com variados estilos literários. Apesar dessa composição, a Bíblia é considerada a Palavra de Deus, porque “nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”  (2Pedro 1:21-1). A primeira referência a escrita de um livro está em Êxodo 17:14: Então, disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro” (Êxodo 17:14). Ellen G. White, a autora mais traduzida da história, afirmou que “é dever de todo aquele que tem a habilidade de escrever, especialmente aqueles que ministram em assuntos sagrados, exercitarem seus talentos nessa direção.” (Ellen White, O outro poder, 56).

Além de escrever pelo motivo correto, deveríamos saber o que é um livro. Simples como possa parecer, isso é importante para os escritores principiantes. Segundo a UNESCO, órgão da Organização das Nações Unidas para o desenvolvimento da ciência e da cultura um livro é uma publicação impressa não periódica de pelo menos 49 páginas, sem contar as capas. Essa é uma definição técnica sobre o assunto. Para mim um livro é o meio mais seguro, de maior alcance e impacto para promover ideias na sociedade.

Embora exista diferença quando se publica uma biografia, um livro histórico ou uma ficção, os 10 passos sistematizados abaixo tem o objetivo de facilitar o processo. Eles podem ser adaptados segundo sua necessidade.

Passo 1 – Defina o objetivo do livro:

¿Porque você quer publicar um livro? Sua intenção é discutir um assunto? Inspirar as pessoas? Oferecer um guia ou instrução sobre um tema? É apenas um sonho pessoal? O objetivo é financiar seus estudos ou um projeto pessoal com a venda? Escreva o porquê você vai escrever. Isso dará um direcionamento e manterá você motivado durante o processo.

Passo 2 – Escolha o assunto ou tema

Antes de começar a escrever, decida qual será o assunto principal tratado no livro. Tenha bem claro em sua mente em que área sua obra poderá ser catalogada. É uma obra relacionada com experiências de vida? O conteúdo é teológico? É uma resenha ou narrativa histórica? Trata-se claramente de uma biografia? É um tema de cultura geral? É uma ficção ou um livro de autoajuda? Escreva, em poucas palavras, qual é a área ou o assunto do livro. Isso é muito importante. Embora não seja uma regra geral, é recomendável escrever de acordo com a sua formação acadêmica ou pelo menos sobre assuntos que você domine. Esse passo direciona o seguinte.  

Passo 3 – Defina o público alvo

Para quem está direcionado seu livro? É para o público geral? Ou é para um grupo especializado? Está escrevendo pensando num público cristão? Nesse caso, o foco são membros de uma denominação em particular? Você pretende escrever para jovens, para mulheres ou para outro segmento da população? Quando definimos nosso público, iremos usar um linguajar compreensível a esse grupo.   

Passo 4 – Escreva o título

Qual será o título do seu livro? O título é fundamental, pois é com base nele que as pessoas vão decidir se o lerão. O título também será importante para promover o material e torná-lo reconhecido. O ideal é usar um título curto, criativo e único. Evite títulos ambíguos ou que possam ser mal compreendidos ou ter um duplo sentido. Seja o mais claro e sucinto possível. Um bom título faz com que o livro seja lembrado.    

Passo 5 – Determine seu nome como autor

Geralmente os autores reconhecidos usam um nome e um sobrenome. Por exemplo: Jorge Amado, José de Alencar, Ruy Barbosa, Miguel de Cervantes, etc. Isso é interessante para que seu leitor lembre-se de você, com facilidade. Apesar disso, há autores que preferem usar seu nome completo ou parte dele. Dependendo do impacto do tema defendido ou de outros fatores como perseguição política ou de outro gênero, alguns escritores preferem usar um pseudônimo, não revelando sua identidade.

Passo 6 -  Forme sua equipe editorial

É difícil trabalhar sozinho. Como escreveu Stephen Covey, em seu best seller 7 hábitos das pessoas altamente eficazes, “a interdependência é um valor superior à independência.” Forme uma equipe editorial para ajudá-lo no processo de escrita, publicação e divulgação de sua obra. É fundamental que, nessa equipe, sejam incluídos um coordenador editorial; um revisor de conteúdo e outro de ortografia; uma secretária e um agente de marketing.  

Passo 7 -  Faça o Contato com a Editorial  

Onde será impresso seu livro? Você poderá enviar seu projeto a uma Editora reconhecia ou encomendar a impressão em uma gráfica de boa qualidade. Algumas pessoas tem medo de enviar seu manuscrito a uma Editora por várias razoes. Não custa nada tentar. Todos os grandes autores de hoje foram principiantes ontem. Muitos deles não receberam uma resposta positiva da primeira vez. Para o caso de a Editora publicar seu livro, se deve negociar a questão dos direitos autorais. Embora isso varie muito, geralmente os autores recebem um percentual sobre as vendas. Entretanto, há casos em que a Editora ou organização compra os diretos de autor. Se você pretende imprimir o livro em uma Gráfica, como produção independente, escolha uma empresa de boa qualidade.

 Passo 8 - Organize seu cronograma de trabalho

Entre outras coisas, o cronograma deve incluir seu programa de trabalho; e as datas em que será concluída a escrita do manuscrito; sua revisão; impressão e lançamento.  

Passo 9 -  Calcule o orçamento do projeto

O penúltimo passo geralmente é o mais difícil para os novos autores. Trata-se do orçamento ou quanto custará o projeto de publicar seu livro. Embora o gasto maior esteja relacionado com a impressão, considere despesas com pesquisas, cópias, impressões, viagens, legalização (ISBN), entre outros serviços necessários. Existem empresas e organizações que patrocinam projetos nessa área.

Passo 10 - Planeje a distribuição do material

Depois que o livro estiver impresso, se deve realizar sua vendagem, o mais rápido possível. Evite presentear muitos livros, pois, no final das contas, as pessoas não irão valorizar seu material se receberem de graça. Para uma boa distribuição, contrate um agente de marketing ou alguém com experiência no mercado editorial, que o possa assessorar. Defina, junto a essa pessoa, que tipo de publicidade se usará. Hoje em dia, é muito econômico usar as redes sociais para promover qualquer tipo de produtos. Se o livro for publicado por uma editora, ela se encarregará de promovê-lo.

Quando eu comecei a escrever, tive acesso a pouca orientação prática. Aprendi muitas coisas pela experiência. Isso foi bom por um lado, mas poderia ter evitado vários erros. Espero que esses passos facilitem a sua caminhada rumo à concretização de seu sonho. E, quando seu livro for publicado, por favor, me avise, para eu possa parabenizá-lo.


Ribamar Diniz

É escritor e editor, com vários artigos e 4 livros publicados. É Bacharel em Teologia (INTA); Diplomado em Investigação Científica (Escola de Pós-graduação UAB) e cursa uma licenciatura em Teologia (SALT-Bolívia). Atua como editor da Revista Doxa e do blog www.benditaesperanca.blogspot.com. Contato: ribamardiniz@hotmail.com.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Minha formação como escritor e minhas obras publicadas



“Um livro é o meio mais seguro, de
maior alcance e impacto
para promover ideas na
sociedade.”

Ribamar Diniz



Desde criança tive um interesse pelas artes, especialmente pelo desenho. Acabei por não desenvolver-me nessa área, a diferença de meu irmão mais velho, que se tornou artista plástico e posteriormente empresário na área de comunicação visual. Na adolescência, para divertir-me, eu desenhava quadrinhos e criava seus diálogos. Esses foram os primeiros textos que escrevi. Nessa época eu era um leitor assíduo de histórias em quadrinhos. Como sucede quase sempre, antes de ser um escritor, fui um bom leitor. 

Também lia frequentemente literatura de cordel, devido ao interesse de minha mãe (Maria Francisca Diniz Barbosa)nesse estilo. Apesar denão incentivar-me diretamente ela foi fundamental em minha formação como escritor. Com muito sacrifício manteve-me na escola, onde aprendi a ler e escrever. Mamãe também possuicerta habilidade para a poesia ecompunha textos breves, sobre sua situação de vida naqueles anos difíceis da década de 1980. Também me contou que meu bisavô, o senhor Zé Diniz, era repentista e poeta. Por ter herdado parcialmente da família o talento literário, uso o sobrenome Diniz em meus escritos. Embora meus genes carreguem um pouco da alma literária, foi depois de ingressar na Igreja Adventista do Sétimo que desenvolvi esse talento.

Devido ao fato de vir do campo (interior de Milagres) para Juazeiro do Norte, no Nordeste brasileiro, fui para escola um pouco tarde. Embora minha mãe tenha sido minha primeira professora, aprendi a ler na Escolinha particular de Dona Cícera, que ensinava com muita dedicação. Com nove anos minha mãe conseguiu, com muita insistência, matricular-me na primeira série no Ginásio Franciscanos, um colégio católico de boa qualidade na cidade. Desde pequeno, fui muito aplicado nos estudos. Embora gostasse de matemática, escrevia beme tirava boas notas nas redações.

No final do Ensino Fundamental, redigi algumas frases para um romance épico, abandonando o projeto depois de conhecer a mensagem adventista. Já no Ensino Médio, estudando no Ginásio Governador Adauto Bezerra, também em Juazeiro, escrevia frases e pensamentos nos cadernos.Alguns anos depois, esse material seria incluído em meu primeiro livro.

Nessa fase, recebi a influencia de dois professores que eram escritores. Wilma Maciel, professora de redação, elogiava meus trabalhos nessa matéria. Dona Wilma ficou muito contente quando eu lhe vendi meu primeiro livro, alguns anos depois. Nessa época escrevi uma poesia que quase chegou ao final de um concurso no colégio. Mas, justamente na etapa final, a colega que o recitava não pôde comparecer. O segundo escritor foi Pedro Bandeira, que promovia suas obras junto aos alunos. Quando lhe apresentei meu livro, anos depois, fui aconselhado a usar apenas um nome e um sobrenome, e não meu nome completo, como fazia até então. Por isso, defini meu nome como autor ainda em 2003: Ribamar Diniz.

Quando ingressei na Igreja Adventista, em 1996, passei a ler e distribuir a literatura da denominação com muito entusiasmo. Isso fortaleceu o desejo de ser, eu próprio, um escritor, para difundir as mensagens que havia aprendido. O contato com a Bíblia e com a literatura adventista foi fundamental para formar minha cosmovisão, a qual serviria de plataforma na hora de expor minhas ideias. Quando estava cumprindo os requisitos para obter o nível de Líder de Desbravadores e de Jovens (agremiações juvenil e jovem da Igreja Adventista), escrevi vários relatórios e um artigo sobre o Santuário, intitulado “O Centro da nossa esperança.” Infelizmente perdi esse precioso material, que considero meu primeiro artigo.

Minha primeira obra foi o cordel “A internet de Deus”, publicado pelo Serviço Social do Comercio (SESC) de Juazeiro, no projeto “Novo talentos”. Esse cordel havia sido escrito para patrocinar a viagem de um grupo de jovens a um Congresso na capital cearense.O SESC me brindou 500 exemplares e distribuiu o restante pelo Brasil. Escrevi esse cordel em umas duas horas.Como acontece em algumas ocasiões, as ideias fluíram naturalmente. Às vezes, simplesmente começo a escrever e as ideias vêmà mente. Por isso, creio que Deus, conforme é ensinado nas Escrituras (Efésios 4:7-14), transformou meu talento natural em um dom para edificar espiritualmente os demais.

Meu primeiro livro, O alicerce da ação: textos e frases para reflexãofoi publicado em 2003, quando eu tinha apenas 25 anos.Quando cursava o bacharelado em teologia pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (INTA), escrevivarias frases, pensamentos e textos reflexivos. Junto com os textos que compilei dos cadernos do Ensino Médio, esse material formou a obra. Ivancy Pereira Araújo, que é bacharel em Teologia e pastor adventista, revisou o material, dando oportunas sugestões e seu irmão, Ivay Araújo, prefaciou a obra.
Depois de concluir o livro,tive dificuldades para financiá-lo. A escritora Fátima Menezes me deu uma ideia. Vender o livro antecipadamente, e entregá-lo depois de publicá-lo. Imprimi a obra em formato de apostila e saí em busca de clientes, completando o valor através de patrocínios conseguidos junto a empresas locais. Foi muito emocionante quando o proprietário da HB Gráfica, uma das melhores da cidade, fez a entrega dos 500 exemplares. A apresentação, feita por Jean de Souza, aconteceu no auditório do SESC. Na ocasião, entreguei um exemplar a minha mãe, agradecendo seus esforços em educar-me. Posteriormente negociei os diretos autorais do livro com o INTA. A publicação desse opúsculo de 52 páginas foi uma experiência difícil, porém enriquecedora e motivadora no início de minha carreira.

Quando exerci os cargos de Coordenador Distrital de Jovens e Regional de Desbravadores (entre 2005 e 2007), preparei alguns manuais (apostilas) para as atividades. O primeiro deles foi Clube do ano bíblico: o que é e como formar um em sua igreja. Outro material foi Guia para novos desbravadores e os manuais de orientação para três eventos regionais que coordenei, nesse período.  

Depois de ler o volume Nossa Herança: Capítulos de nossa história de interesse dos jovens apaixonei-me pela história e missão da Igreja Adventista. Por isso, decidi escrever uma obra sobre história eclesiástica. A partir de 2004, dediquei quase cinco anos para pesquisar a história do Adventismo em Juazeiro do Norte, escrevendo Conheça nossa historia: origem e expansão dos adventistas do sétimo dia em Juazeiro do Norte.Esse trabalho foi revisado pela minha irmã mais nova, que é formada em Letras.

O que precipitou sua publicação foi minha decisão de estudar no exterior, no final de 2007. Para concluir o livro, passei praticamente quatro noitesseguidas sem dormir. A impressão dos 500 exemplares foi de baixa qualidade, devido ao trabalho artesanal que encomendei. Apesar disso, fizemos o lançamento na Igreja Adventista Central de Juazeiro, com a presença de um bom público, inclusive alguns pioneiros. Disseminei esse material na região do Cariri, em São Paulo e Cochabamba.

Quando viajei para a Bolívia, a fim de estudar a licenciatura em teologia na Universidade Adventista da Bolívia (UAB), tive a oportunidade aperfeiçoar-me como escritor e posicionar-me como autor. A influencia dos professores e das atividades acadêmicas, além da participação como secretário do Centro White e vice-presidente da Sociedade Honorífica de Investigação Teológica e membro das equipes editoriais das revistas Evangelho e Doxacontribuíram para refinar minhas habilidades. Nessa fase redigi oito artigos para esses periódicos (entre 2008-2013).

Além dos artigos, revisei e ampliei o manuscrito de Conheça nossa história com a intenção de lançar uma segunda edição independente.Durante a pesquisa, conversei com o doutor Ruy Viera (presidente da Sociedade Criacionista Brasileira, SCB) sobre a história do Adventismo no Nordeste brasileiro. Ele confessou que não tinha informações a respeito, mas que um dos diretores da entidade era dessa região e possivelmente poderia apoiar-me financeiramente. Ele pediu-me para enviar um e-mail com o manuscrito do livro. Alguns dias depois, tive a grata surpresa de receber um comunicado de que a própria SCB publicaria o opúsculo.
Com o Dr. Érico Xavier no lançamento de
O Adventismo na Terra do Pe. Cícero

Nesse contexto, o Dr. Ruy sugeriu que publicássemos um novo livro, já que o conteúdo era bem diferente do primeiro. O título escolhido foi O Adventismo na terra do Padre Cícero: uma história de fé, perseguição e milagres. O livro(minha primeira obra publicada por uma editora) foi lançado noSalão de Projeções da UAB, em abril de 2012. No Campus foram vendidos cerca de 200 exemplares. Os outros 800 foram distribuídos graças ao apoio de Josimar Souza, durante três períodos de férias, em Campo Grande, Ladário e Corumbá e Brasília, respectivamente.

O quarto livro foi o mais desafiador. Apresentei o projeto deescrevermos nossaexperiência estudantil, aos companheiros de curso na UAB. Eles gostaram da ideia, pediram-me para ser o editor principal da obra Cuando Dios me llamó: personas comunesa lcanzando un sueño imposible[Quando Deus me chamou: Pessoas comuns alcançando um sonho impossível] e concederam-me os direitos autorais. Apesar de vários problemas enfrentados, finalmente o projeto se concretizou, em novembro de 2012. Os 1.000 exemplares foram distribuídos entre os colegas e no próprio campus universitário. 


Nesse projeto, liderei um grupo de 32 colaboradores, de seis países diferentes. Esse foi meu primeiro trabalho como editor de livros e minha primeiraobra em espanhol. Devido aos erros involuntários presentes, decidi publicar uma segunda edição, revisada magistralmente por Lionel Celano. O plano se tornou realidade em junho de 2013, com 16 histórias e um novo subtítulo: testimonios inspiradores para una vida de servicio[testemunhos inspiradores para uma vida de serviço]. Para divulgar o material, viajei a cidade de Arica, situada no Norte do Chile, em julho de 2013.

Para o futuro, temos outros projetos audaciosos, anelando um dia poder ver esses livros nas estantes das grandes livrarias. Peço a Deus sabedoria (Tiago 1:5), para que, ao expor em tinta e papel as ideias, glorifique meu Criador e contribua para levar esperança a muitos corações. 



Arica, Chile, 23 de julho de 2013.



Ribamar Diniz

Bacharel em Teologia e Licenciado em Ensino Religioso pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada; Diplomado em Investigação Científica pela Escola de Pós-graduação da Universidade Adventista da Bolívia, onde cursa uma licenciatura em Teologia. É membro da Sociedade Criacionista Brasileira, vice-presidente da Sociedade Estudantil Honorífica de Investigação Teológica; editor da Revista Doxa e do blog www.benditaesperanca.blogspot.com.Seus artigos podem ser lidos em http://bo.acadmia.edu/RibamarDiniz.Contato: ribamardiniz@hotmail.com.

Conselho para jovens escritores

Que conselho a senhora daria para
o jovem adventista do sétimo dia que
sente que tem o dom para escrever obras
literárias?

Meu conselho para qualquer jovem escritor é ler o máximo possível e escrever tanto quanto possível. E não desistir, porque a escrita – especialmente a escrita para publicação – pode ser um processo muito desanimador. Além disso, qualquer um que decide escrever tem que encontrar sua própria voz edescobrir o que dizer e a quem dizer. Para algumas pessoas, isso pode significar a escrita para a igreja, em revistas e periódicos adventistas. Mas acho que há uma tremenda necessidade – nãosó na escrita, mas também em todas as artes – de adventistas capazes de se envolver com o mundo real. Como igreja, precisamos de mais pessoas que sejam capazes de se relacionar com o mundo de maneira que não seja apenas através de esforços evangelísticos. Há necessidade de mais escritores adventistasque se relacionam com o mundo da mesma forma que um engenheiro ou encanador adventista faz. Que sejam capazes de, por meio de seu ofício, explorar nossa visão única de mundo.

Trudy Morgan-Cole
Escritora profissional, com mais de 20 livros publicados em inglês, espanhol e português.

Fonte:Revista Diálogo Universitário, Vol. 23, Número 1, 2011, pág. 27.

Nota: Um dos livros dessa autora publicado em português é Filhas da Graça, editado pela Casa Publicadora Brasileira.  




A arte de escrever bem para o bem

Há livros para ser lidos e outros para ser degustados. A Arte de Escrever, de Arthur Schopenhauer, está na segunda categoria – não por acaso: do começo ao fim, o autor aplica as regras que ensina. Escrito na primeira metade do século 19, o livro surpreende justamente por ter sido produzido por um filósofo alemão. Seus pares são conhecidos pelas obras massivas (e, às vezes, maçantes) que legaram ao mundo. Mas Schopenhauer é diferente. Segundo ele, “um bom cozinheiro pode dar gosto até a uma velha sola de sapato; da mesma maneira, um bom escritor pode tornar interessante mesmo o assunto mais árido” (A Arte de Escrever, p. 21 – L&PM, 2005).

Clareza e estilo vivo marcam a obra do filósofo. Ele é o tipo de autor que lapida o texto como se cada palavra devesse ter o sentido exato para o qual foi designada, a fim de que o leitor não entenda nada além do que o autor quis dizer. O texto deve ser claro e fácil de entender, pois, “se lemos algo com dificuldade, o autor fracassou”, conforme escreveu Jorge Luis Borges. O tempo e a paciência do leitor também devem sempre ser considerados por quem escreve, ainda que seja apenas um e-mail. Por isso, as dicas de Schopenhauer valem para todos os que redigem – desde um bilhete até um livro.

A Arte de Escrever não trata apenas da escrita, mas dos atos de pensar e ler. Para o autor, mais do que obter informação, devemos ter pensamentos profundos oriundos de reflexão. Mas o que nos interessa aqui são suas dicas de redação: “Não há nada mais fácil do que escrever de tal maneira que ninguém entenda; em compensação, nada mais difícil do que expressar pensamentos significativos de modo que todos os compreendam. O ininteligível é parente do insensato, e sem dúvida é infinitamente mais provável que ele esconda uma mistificação do que uma intuição profunda. [...] a simplicidade sempre foi uma marca não só da verdade, mas também do gênio. [...] escrever mal, ou de modo obscuro, significa pensar de modo confuso e indistinto. [...] muitos escritores procuram esconder sua pobreza de pensamento justamente sob uma profusão de palavras. [...] É sempre melhor deixar de lado algo bom do que incluir algo insignificante. [...] o sinal de uma cabeça eminente é resumir muitos pensamentos em poucas palavras” (ibid., p. 83, 84, 93).

Outra marca dos escritos de Schopenhauer são as boas metáforas e comparações. Por exemplo: “Os pensamentos obedecem à lei da gravidade, de modo que o caminho da cabeça para o papel é muito mais fácil do que o caminho do papel para a cabeça, então é preciso ajudá-los no segundo percurso com todos os meios à nossa disposição” (ibid., p. 111). Aí entram as dicas de redação e o esforço para escrever bem. Aliás, dizem que Platão redigiu sete vezes a introdução de sua República, com diversas modificações.

Isso me lembra um texto de Graciliano Ramos sobre as lavadeiras de Alagoas: “Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa.”
Outro livro importante para os que se aventuram no mundo das letras é A Redação Pelo Parágrafo, de Luiz Carlos Figueiredo (Editora UnB, 1995). À semelhança de Schopenhauer, Figueiredo defende a organização e o encadeamento dos parágrafos, a fim de ajudar o leitor a acompanhar o raciocínio. Em sua obra, Figueiredo trabalha em seis capítulos, que abordam a organização das ideias, os tipos e tamanhos de parágrafos e a ligação entre eles. Não é à toa que a capa do livro seja ilustrada com uma corrente de letras: cada elo representa um parágrafo (no qual apenas uma ideia deve ser trabalhada) que deve estar ligado ao outro pela ideia central do texto.

Ater-se à ideia central e caprichar na composição de cada parágrafo é como fazer uma boa construção. Para usar outra ilustração schopenhaueriana: “Poucos escrevem como um arquiteto constrói: primeiro esboçando o projeto e considerando-o detalhadamente. A maioria escreve da mesma maneira com que jogamos dominó. Nesse jogo, às vezes segundo uma intenção, às vezes por mero acaso, uma peça se encaixa na outra, e o mesmo se dá com o encadeamento e a conexão de suas frases. Alguns sabem apenas de modo aproximado que figura terá o conjunto e aonde chegará o que escrevem. Muitos não sabem nem isso, mas escrevem como os pólipos de corais constroem: uma frase se encaixa em outra frase, encaminhando-se para onde Deus quiser” (ibid., p. 115).

Ao tratar do tema das incômodas orações intercaladas (que despedaçam o período principal), Schopenhauer diz que “uma pessoa só pode pensar com clareza um pensamento de cada vez; assim, não se pode exigir que pense dois, ou mesmo mais, de uma vez só” (ibid., 115). O mesmo vale para os parágrafos.

Figueiredo afirma que, “na escrita, os parágrafos são as principais partes de determinado texto (artigo, capítulo, entrevista, ensaio, etc.). Para assimilar o texto, o leitor precisa entender as partes, isto é, os parágrafos. E o escritor, para ser entendido pelo leitor, tem que construir textos divididos em parágrafos que espelhem divisão lógica, da qual fazem parte a unidade, a coerência e a consistência” (A Redação Pelo Parágrafo, p. 12). E compara: “Os parágrafos são como ‘prateleiras’ que dividem uma sequência de informações ou pensamentos. Servem para facilitar a compreensão e a leitura do texto, dar folga ao leitor, que acompanha, passo a passo, a linha de raciocínio desenvolvida pelo escritor. [...] O entrelaçamento de um parágrafo com outro, ou a ligação de um raciocínio com outro, dá coesão ao texto” (ibid., p. 13, 14).
Para dar aquela “afiada” no uso da língua, um ótimo e prático livro é A Arte de Escrever Bem – Um guia para jornalistas e profissionais do texto, de DadSquarisi e Arlete Salvador (Editora Contexto, 2004). As autoras também batem nas teclas da concisão e da simplicidade. “A frase curta tem duas vantagens. Uma: diminui o número de erros. Com ela, tropeçamos menos nas conjunções, nas vírgulas e nas concordâncias. A outra: torna o texto mais claro. Clareza é, disparado, a maior qualidade do estilo. Montaigne, há quatrocentos anos, ensinou: ‘O estilo deve ter três qualidades – clareza, clareza, clareza’. [...] Palavras longas e pomposas funcionam como uma cortina de fumaça entre quem escreve e quem lê. Seja simples. Entre dois vocábulos, prefira o mais curto. Entre dois curtos, o mais expressivo” (A Arte de Escrever Bem, p. 23, 27).

As autoras fazem eco a Schopenhauer e destacam, além da clareza, a concisão. “Concisão não significa lacônico, mas denso. Opõe-se a vago, impreciso, verborrágico. No estilo denso, cada palavra, cada frase, cada parágrafo devem estar impregnados de sentido” (ibid., p. 39). Por isso, ler e reler o texto, cortando as “gordurinhas”, sempre faz bem, afinal, como disse Marques Rebelo, “escrever é cortar”.
Finalmente, mas não menos importante (na verdade, é mais), indico o livro O Outro Poder, de Ellen G. White (Casa Publicadora Brasileira, 2010). Quem escreve, assim como quem fala, deveria sempre usar as palavras para ajudar as pessoas a crescer física, mental e espiritualmente, e a melhor maneira de fazer é isso é atraindo “a atenção das pessoas para as verdades vivas da [Palavra de Deus]” (O Outro Poder, p. 9). Escritores cristãos (e não apenas eles, evidentemente) deveriam lapidar seus textos de modo a interessar o leitor para que ele seja levado a considerar seriamente a mensagem de esperança por trás das letras.

Embora, como Schopenhauer, Ellen White tenha escrito seus livros há mais de um século, ela estava à frente de seu tempo no que diz respeito à compreensão do que significa escrever de maneira interessante. Ela aconselhou: “Nossos periódicos devem sair repletos de verdade que apresente interesse vital e espiritual para o povo. [...] Compete a nossas publicações a mais sagrada obra de tornar clara, compreensível e simples a base espiritual da nossa fé” (ibid.). Clareza, compreensibilidade e simplicidade deveriam ser qualidades do texto de todos os que escrevem para o público. O alvo? Ei-lo: “A escrita deve ser usada como meio de semear a semente para a vida eterna” (ibid., p. 13).

A autora também aconselha concisão para manter o interesse: “Concisão deve ser observada, de modo a interessar o leitor. Artigos longos e enfadonhos são prejudiciais à verdade que o escritor pretende apresentar” (ibid., p. 56). Aos leitores, ela aconselha: “Não temos tempo para devotar a assuntos vulgares, nem tempo para gastar com livros que apenas entretêm” (ibid., p. 98).

Um texto bíblico que serve de boa dica para quem quer escrever bem e com eficácia é Habacuque 2:2: “E o Senhor Deus disse: ‘Escreva em tábuas [jornal, folhetos, livros, sites, blogs] a visão que você vai ter, escreva com clareza o que vou lhe mostrar, para que possa ser lido com facilidade’” (NTLH).

Assim, não importa se se trata de um bilhete de porta de geladeira, e-mail, artigo ou livro, escreva com clareza, simplicidade e concisão; releia o que escreveu antes de publicar e coloque o coração em cada palavra. O leitor agradece.

MichelsonBorges
Jornalista, Mestre em Teologia e editor na Casa Publicadora Brasileira.

Nota: O leite materno é a quintessência do que existe em termos de nutrição. Por quê? Porque ele é o melhor que o corpo da mãe pode produzir para o crescimento e a saúde do bebê. O texto de quem escreve para o bem deve ser como o leite materno: produzido com carinho e adequado às necessidades de quem lê, proporcionando-lhe saúde e crescimento. Por que pensei nessa analogia? Simples: porque o texto acima começou a ser escrito numa madrugada, na maternidade da Santa Casa de Tatuí, SP, depois que acordei minha esposa para amamentar nosso recém-nascido filho Mikhael.[MB]



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Primeiro Encontro de Escritores Principiantes

No último dia 02 de junho foi realizado o "Primeiro Encontro de Escritores Principiantes", no auditório da Biblioteca da Universidade Adventista de Bolívia (UAB). Participaram cerca de 80 pessoas, a  maioria das quais com o projeto de escrever seu primeiro livro ainda esse ano. O evento foi coordenado pela SEHIT (Sociedade Estudantil Honorífica de Investigaçao Teológica, da Faculdade de  Teologia da UAB). 

Como panelistas, estiveram presentes o Pastor Samuel Antonio, diretor de  Educaçao de Missao Boliviana Central, que falou sobre "O processo para publicar um livro"; o Dr. Raúl Quiroga, docente da UAB, que discorreu sobre "Como organizar seu escrito" e o Professor Wilfredo Choque, diretor da Escola de Posgraduaçao da UAB, que deu "Dicas para escrever bem". Ribamar Diniz, vice-presidente da SEHIT, coordenou um taller-prático sobre como "Publicar um livro em 10 pasos". 

No final do evento, os participantes foram convidados a participar de uma oraçao de dedicaçao proferida pelo Dr. Heber Pinheiro, asessor da SEHIT. Todos os seminários podem ser consultados em bo.academia.edu/RibamarDiniz.

Ribamar Diniz

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Escreva Seu Livro

Em breve estaremos disponibilizando recursos e materiais para você realizar o sonho de publicar seu primeiro livro.